terça-feira, 29 de julho de 2014

Modesto Neto representa o Coletivo Darcy Ribeiro em ato de solidariedade ao povo palestino em Natal




Modesto Neto que é membro do Coletivo Darcy Ribeiro esteve com a candidata a Presidência da República pelo PSOL, Luciana Genro, que concedeu dez entrevistas entre rádios como a Rádio Cidade FM 94, jornais como O Jornal de Hoje, Tribuna do Norte, dentre outros, e redes de televisão como a Intertv Cabugi, TV Ponta Negra e RedeTV – RN.

 
 

Luciana Genro que viajou a cidade de Fortaleza às 15h saindo do Aeroporto de São Gonçalo não pôde comparecer ao ato de solidariedade ao povo palestino que ocorreu na Cidade Alta em Natal idealizado pela Sociedade Cultural Palestina reunindo os partidos PSOL, PSTU, PT, PPL, PCR, setores universitários, organizações políticas, movimentos sociais, coletivos de juventude e grupo de direitos humanos. Representando o Coletivo Darcy Ribeiro, Modesto Neto fez intervenção na defesa da paz na faixa de Gaza e pelo fim do genocídio palestino patrocinado por Israel e EUA.

Os candidatos ao Governo do Estado, Robério Paulino do PSOL e Simone Dutra do PSTU estiveram presentes e fizeram também suas intervenções. O vereador Hugo Manso do PT e vereadora Amanda Gurgel do PSTU, além do professor Juliano Siqueira do Departamento de Direito da UFRN também estiveram presentes.



“Israel é o satélite norte-americano no Oriente Médio, o braço armado do EUA a cometer crimes de lesa-humanidade indiscriminadamente contra o povo palestino. Queremos o cessar fogo na Faixa de Gaza. Queremos paz e liberdade para a Palestina. Queremos que o Brasil rompa relações diplomática e econômicas com Israel para pressionar, de fato, Israel e o EUA pelo fim do genocídio que não suportamos mais assistir”, falou Modesto Neto que foi um dos últimos militantes a fazer intervenções na Praça Jhon Kennedy.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Instabilidade democrática e as mobilizações populares


Por João Paulino

Acadêmico de Direito da UnP, militante do Coletivo Darcy Ribeiro.


Em 2013, a nossa Constituição comemorou 25 anos de sua promulgação, e tal comemoração serviu também para renovar os ideais por ela consagrados. O ano de 2013 foi importante também, principalmente o mês de junho, pelo início de inúmeras manifestações por todo o Brasil, com pautas das mais diversas, e que se desdobram até os dias atuais. Momento singular vivido pelo país, que de há muito não via o povo na rua dessa forma.



Em meio a essa explosão de democracia e cidadania, apareceram os meios de controle do Estado (detentor do poder coercitivo), atuando efetivamente em seu papel de contingenciar o legítimo manifesto do povo. Ações das PMs, notadamente desproporcionais, com uso excessivo da força, foram marcas registradas nos protestos, mormente, na pele dos manifestantes, que sentiram a força do cassetete e as dores das balas de borracha. As atuações desastrosas aconteceram reiteradamente, todas legitimadas pelos Poderes do Estado. Agora, a “chibata” não está sendo mais exclusividade do pobre e do negro favelado, alcança também aqueles que estão nas ruas tentando mudar uma realidade, através do que consagra a nossa Constituição.




Evidenciou-se ao longo do tempo e das manifestações, que o Estado e seus representantes não sabem, ainda, lidar com o pleno exercício democrático; cabe trazer a lume também, as desproporções por parte de supostos “manifestantes” que acabaram generalizando um movimento legítimo, e proporcionando à polícia, a ligeira associação: manifestante = vândalo; se vândalo = “desce a borracha”. Criou-se um sofisma que simplesmente passou a legitimar e reavivar nos dias atuais, o que acontecera nos inesquecíveis anos obscuros da ditadura militar; a política do “bater depois averiguar”, “justiça rápida e instantânea”, ou simplesmente: silenciar a voz do povo.



A problemática trazida ao quadro de discussões toma outros níveis de proporção e gravidade, a partir do momento que as balas de borracha e cassetetes, dão espaço às canetas dos burocratas, desde legisladores a magistrados, membros do Ministério Público a delegados de polícia. A repressão figura agora em outro âmbito, muito mais prejudicial e perigoso.



Preliminarmente olhemos a nossa Constituição. Não se precisa ir muito longe; o artigo 1º é claro: “A República Federativa do Brasil[...]constitui-se em Estado Democrático de Direito[...]”; é evidente que o constituinte teve a preocupação de classificar o Estado brasileiro como democrático, irradiando seus valores a todas as instituições e ao ordenamento jurídico pátrio. O princípio democrático salvaguardado por nossa Constituição sustenta-se nos valores de igualdade e liberdade, emanando-se daí, direitos como: liberdade de manifestação, reunião pacífica, contraditório e a ampla defesa, o devido processo legal, a presunção de inocência e entre tantos outros que visam garantir o pleno exercício da democracia e da cidadania, ambos proeminentes em um legítimo Estado Democrático. No entanto, o que vemos acontecer é o contrário, não apenas pelas as exacerbações ocorridas nas atuações das polícias militares, mas agora a ratificação das ações militares, por aqueles que deveriam ser agentes públicos combatentes de toda e qualquer forma de repressão, visando à transparência das ações do Estado.



De 2013 até agora (exatamente Julho de 2014), as ações do Estado tiveram um único objetivo: coibir as manifestações durante a Copa do Mundo de Futebol. Fomos obrigados a viver em um verdadeiro “Estado Futebolístico de Exceção”. Porém, as exceções não começaram apenas com a Copa. Direitos garantidos que foram deixados de lado para atender as exigências da FIFA, até leis que criminalizavam as manifestações, querendo enquadrá-las em terrorismo. De fato, golpes duros foram sofridos pela democracia brasileira — tão jovem e já lutando por sua “vida”. No entanto, os golpes não param. Vemos aos poucos a nossa democracia ser espezinhada, com inúmeras arbitrariedades nos três Poderes do Estado. Investigações que se iniciaram com turbidez e terminam com imensa opacidade, interferindo diretamente no exercício do direito de plena defesa por exemplo. Outras, que contém mais de 2000 páginas e tornam-se um processo criminal no incrível tempo de 2 horas — esse membro do Ministério Público deveria abandonar a carreira e ir pro Guiness Book. E agora uma das “cerejas do bolo”: prisões feitas no puro exercício da “futurologia”, ou será que Hollywood é aqui e estamos vivendo no contexto do filme Minority Report e a divisão “pré-crime” já foi criada e está em pleno funcionamento? Cômico seria se perigoso não fosse. Prisões cautelares são exceções e não regra, e quando se culmina na necessidade de serem executadas, requisitos mínimos são necessários para elas acontecerem, diga-se de passagem que estes, não foram atendidos na fundamentação da sentença que as expediu. Prisões como estas, têm cariz de políticas, muito semelhantes as que aconteceram durante a ditadura militar. Será que já podemos vislumbrar para daqui a alguns anos, uma nova Comissão Nacional da Verdade, para alumiar os casos obscuros do presente? Mal completamos um processo transitório, tardio, cheio de percalços e teremos que novamente lutar, por direitos já adquiridos, que estão constantemente sendo violados?



As manifestações trouxeram a tona o que já acontecia há tempos, longe dos nossos olhos, mas bem perto daqueles que estão à margem da sociedade e do Estado; que seu cotidiano é a exceção. É necessário acendermos o sinal de alerta. É precipitado falar-se em crise democrática, mas é necessário estarmos cientes da instabilidade que nossa democracia vive, para não retrocedermos no tempo, e revivermos o que deveria ficar no passado, e servir apenas de aprendizado. Não podemos errar duas vezes.



Garantir as manifestações populares (obviamente ordeiras), é uma necessidade existencial para o Estado Democrático de Direito; a democracia como um processo dialético que é, não existe sem um dos lados, afinal se assim o fosse, viveríamos ainda em uma ditadura e não em uma democracia. Ou será que estamos enganados?